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Empregada doméstica ainda é uma profissão para mulheres?
Veja se as mudanças nos hábitos da sociedade brasileira podem ter feito com que esta profissão mudasse seus estereótipos.
No Brasil a palavra “doméstica” já é uma referência conhecida e bem clara para o brasileiro: uma mulher que auxilia nos serviços do lar, uma empregada que não só faz a limpeza da casa, como diversos outros serviços domésticos. O estereótipo, por sua vez não é infundado, pois esta profissão é predominantemente ocupada por mulheres há centenas de anos no Brasil.
Há muito se discute sobre a desvalorização desta profissão que acarreta vários outros problemas, como a exploração, abuso, empregadas sem carteira assinada e alguns casos até de trabalho análogo a escravidão. Mas, será que após mais de cem anos em um cenário lamentavelmente negativo, esta profissão tem finalmente uma mudança em seus estereótipos?
É isso que vamos descobrir neste artigo, me acompanhe.
A História da empregada doméstica no Brasil
Pode-se dizer que a empregada doméstica sempre esteve presente nos lares brasileiros mesmo antes da abolição da escravatura em 1888. Mas, como isso seria possível?
Simples, as empregadas seriam as escravas compradas pelos senhores com poder aquisitivo considerável no Brasil colônia. Após a abolição, a profissão ainda esteve de mãos dadas com a escravidão por muitos anos até que fosse basicamente corrigido para um serviço com remuneração.
Mesmo assim, a empregada doméstica enfrentou um trabalho que exige muito de si e com má remuneração por mais de uma centena de anos desde a abolição. De acordo com dados do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada em uma pesquisa, esta profissão sempre foi ocupada predominantemente por mulheres, de baixa renda e escolaridade, em sua maioria negras.
Outro dado importante que está presente nesta pesquisa é que praticamente todas estas mulheres na profissão de empregada doméstica está empregada informalmente, ou seja, não possui carteira assinada e por isso não pode ser assistida pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, que poderia proporcionar alguns benefícios básicos que o seu acordo informal não concede, além de uma contribuição para o INSS que garantiria a sua aposentadoria.
O que mudou para esta profissão?
Infelizmente as mudanças no cenário das empregadas domésticas no Brasil mudou pouco, porém houve um grande esforço para que esta profissão fosse formalizada perante o estado. O governo promoveu algumas ações que obrigavam os contratantes a oferecer um contrato com base nas leis trabalhistas do país, com todos os benefícios inclusos.
Houve uma grande aceitação e migração de profissionais que trabalhavam com contratos informais e migraram para a assinatura de suas carteiras de trabalho, mesmo com grande resistência de contratantes que tinham como principal argumento os gastos com impostos para a criação e manutenção de um contrato formal baseado na CLT.
Ainda de acordo com o IPEA, a profissão tem envelhecido a ponto que as mulheres que a ocupam também envelheceram e profissionais mais novas não estão sendo inseridas no mercado. O possível motivo para isso é que, em sua maioria, as empregadas domésticas possuem baixa escolaridade, com o acesso a educação facilitado, as novas gerações tendem a escolher outras profissões, não necessariamente melhores.
Apesar dos avanços mínimos, esta profissão tão necessária no Brasil está evoluindo passo a passo, porém ainda é dominada por mulheres e este estereótipo pode ser imutável à medida que esta profissão envelhece a cada ano.